sábado, 12 de abril de 2014

AFINIDADES GALAICO-MINHOTAS DO CANCIONEIRO POPULAR



AFINIDADES GALAICO-MINHOTAS DO CANCIONEIRO POPULAR / De Castro Pires de Lima, Fernando
1932
NÓS Pubricacións Galegas e Imprenta – Hortas, 20. Santiago.
18 p ; 24 cm.

A separata exenta Afinidades Galaico-Minhotas do cancioneiro poular do folclorista portugues Fernando de Castro Pires de Lima, tamén incluída no cuarto volume dos Arquivos do Seminario de Estudos Galegos, foi impresa por Nós en 1932.

Este foi o traballo de ingreso de Pires de Lima no SEG, presentado o 26 de outubro de 1931.

O autor tamén formou parte do plenario da Academia Galega.

Pires de Lima foi un médico do Porto que desenvolveu un activo traballo na recuperación do cancioneiro popular portugués; en particular da rexión miñota, e tamén encol das investigacións arqueolóxicas.

Malia ter publicado a maioría dos traballos en Portugal, tamén  atopamos ecos deles nos boletíns da Academia Galega e na revista Nós (1).

No comezo do estudo, Pires de Lima xustifica a procedencia do traballo.

É duma importância capital o estudo comparativo entre a poesía popular portuguesa e os diferentes cantares do povo dos outros países (…) Portugal, sob êste ponto de vista, pode e deve ocupar um lugar de destaque en confronto com qualquer outro país, pois o folclore nacional, visto sob qualquer dos aspectos, é duma grande riqueza. E, de todos os países, aqueles por onde deve principiar o estudo comparativo, é sem dúvida, a Espanha e o Brasil (…) A Espanha, e muito especialmente a Galiza, pelo muito de comum que tem com o nosso Minho, a mais portuguesa de todas as provincias de Portugal, como já alguém disse, apresenta un folclore riquísimo, que convém estudar nos seus variados aspectos.

A investigación pretende ser o comezo dun estudo comparativo xeral sobre o cancioneiro miñoto. Para iso o autor serviuse dun pequeno lugar incluído no concello de Vila Nova de Famaliçao, onde foron recollidas as cantigas populares.

Ao percorrer as páginas do “Cancioneiro popular gallego”, de Ballesteros, surpreende-nos a semelhança, a quási identidade entre a poesía popular galega e a portuguesa. E assim é, de facto. Com pouca diferença, se canta quer no Minho que na Galiza, o mesmo Cancioneiro.

Das trescentas cincuenta e dúas cancións compiladas por Fermín Bouza Brey nas Cantigas Populares da Arousa (2), arredor das setenta cantigas son moi semellantes ás recollidas por Pires da Lima no seu Cancioneiro de S. Simão de Novais.

E se juntasse às minhas, outras de diferentes cancioneiros populares publicados em Portugal, com certeza se encontrariam a quási totalidade.

O estudo confronta as cantigas recollidas por Pires de Lima coas escolmadas por Bouza Brey nas Cantigas Populares da Arousa e no Cancioneiro das ribeiras do Tea (3).

Cancioneiro das ribeiras do Tea / Cantigas populares da Arousa

Escolma da obra

Pasei pol-a tua porta                   Eu passei à tua porta,
puxécheme a silva albeira,           pedi-te água, não ma deste:
ourta vez que a silva poñas         assim que passar’s à minha,
¡arde o eixo, carballeira!              farei o que me fizeste.

Teño carta no correo                   Tenho carta no correio:
e non sei de quen será;               Ai, Jesus, de quem será?
si é de Antón non-a quero,          Se é do Antonio, não quero;
si é de Manoel veña xa.               se é do José, traz-ma cá.

O amor da costureira                  O anel que ti me deste
era papel e mollouse,                 era de vidro, quebrou;
agora, costureiriña                     o amor que tu me tinhas
o teu amor acabouse.                 era falso e acabou.

O baile do Carrasquiño                  A moda do Carrasquinho
é un baile moi disimulado,             é uma moda assim ao lado:
dase unha volta no medio             quando ponho o joelho em terra
e todo o mundo xa queda parado.  fica tudo admirado.

Eu caseime por un ano                Eu casei-me por um ano
por saber qué vida era;               p’ra ver a sorte que tinha;
o ano vai acabado,                     o ano vai acabando,
quén me dera solteiriña!             quém me dera solteirinha.

Miña nai por me casar                 Minha mãe, por me casar,
pormeteume canto tiña               prometeu-me quanto tiña:
e despois que me casei               despois de me ver casada
pagoume c-unha galiña.              deu-me un fole sem farinha.

Unha noite no muiño,                 Deixa-me dormir contigo,
unha noite non é nada,               que uma noite não é nada:
unha semaniña enteira                eu entro na noite escura
esa sí que é muiñada!                 e saio de madrugada…

Nas ondas do teu cabelo             Nas ondas do teu cabelo
quixérame eu afogar                   vou-me deitar a afogar:
para que a xente soupera            eu quero que o mundo saiba
qu’ai máis ondas qu’as do mar.    que há ondas sem ser no mar.

Miña sogra querme mal               Minha sogra quer-me mal
porque lle falo co fillo                  por lhe namorar o filho:
heille de mandar recado              se não quer que o namore,
que o garde no bolsillo.               que o traga escondido.

Esta noite e mail-a outra             Eu vou por aqui abaixo
e mail-a outra pasada                 como quem não vai a nada,
abanei unha pereira                    abanar uma p’reirinha
que nunca fora abanada.             que nunca foi abanada.

No aditamento à 1ª serie do meu “Cancioneiro de S. Simão de Novais”, citara eu a seguinte quadra, transcrita do “Cancioneiro popular gallego”, de Ballesteros.

        Portugués, e rebeludo,
        fillo de tam mala lei;
        qué che custaba decir
        viva, viva o  noso rei?

Supunha eu que os galegos, ao cantar esta quadra, sonhavam numa absorção pan-iberista.
O insigne etnógrafo Bouza Brey, demostrou que a cantiga tem séculos de existência e já vem do tempo dos Filipes.
Despois da publicaçao do meu Cancioneiro, a Espanha passou por uma grande convulsão, que alterou por completo o aspecto político da Peninsula. A minha opinião persiste a mesma: Seja a Espanha muito feliz, mas deixe-nos em paz, mal governados pela nossa gente…

(1)      O número 95 da revista Nós de novembro de 1931 informa da publicación d’O Cerôto, poema heroico cómico exhumado por Pires de Lima.
(2)      Cantigas Populares da Arousa (Primeira Serie). Fermín Bouza Brey. Editorial Nós, 1931. A Coruña.
(3)      Cancioneiro das ribeiras do Tea. Fermín Bouza Brey e Luís Brey Bouza. Editorial Nós, 1929. A Coruña.


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